Minhas mãos doceiras
Jamais ociosas
Fecundas imensas e ocupadas. Mãos laboriosas
Abertas sempre para dar,ajudar, unir e abençoar”
Cora Coralina, pseudônimo de Ana Lins dos Guimarães Peixoto Bretas, (
Cidade de Goiás,
20 de agosto)de
1889 —
Goiânia,
10 de abril de
1985) foi uma
poetisa e contista
brasileira. Mulher simples,
doceira de profissão, tendo vivido longe dos grandes centros urbanos, alheia a modismos
literários, produziu uma obra poética rica em motivos do cotidiano do interior brasileiro, em particular dos becos e ruas históricas de Goiás. Filha de Francisco de Paula Lins dos Guimarães Peixoto, desembargador nomeado por D
. Pedro II, e de Jacinta Luísa do Couto Brandão, Ana nasceu e foi criada às margens do
rio Vermelho, em casa comprada por sua família no
século XIX, quando seu avô ainda era uma criança. Estima-se que essa casa foi construída em meados do
século XVIII, tendo sido uma das primeiras edificações da antiga Vila Boa de Goiá. Começou a escrever os seus primeiros textos aos quatorze anos de idade, publicando-os nos jornais locais apesar da pouca escolaridade, uma vez que cursou somente as primeiras quatro séries, com Mestra Silvina. Publicou nessa fase o seu primeiro conto, Tragédia na Roça. Casou-se em
1910 com o advogado Cantídio Tolentino Bretas, com quem se mudou, no ano seguinte, para o interior de
São Paulo. Viveria no estado de São Paulo por quarenta e cinco anos, inicialmente nas cidades de
Avaré e
Jaboticabal, e depois na cidade de
São Paulo, para onde se mudaria em
1924. Ao chegar à capital, teve que permanecer algumas semanas trancada num hotel em frente à
Estação da Luz, uma vez que os
revolucionários de 1924 haviam parado a cidade. Em
1930, presenciou a chegada de
Getúlio Vargas à esquina da rua Direita com a praça do Patriarca. Um de seus filhos participou da
Revolução Constitucionalista de 1932. Com a morte do marido, passou a vender livros. Posteriormente mudou-se para
Penápolis, no interior do estado, onde passou a produzir e vender
lingüiça caseira e
banha de
porco. Mudou-se em seguida para
Andradina, até que, em
1956, retornou para Goiás. Ao completar cinquenta anos de idade, a poetisa relata ter passado por uma profunda transformação interior, a qual definiria mais tarde como "a perda do
medo". Nesta fase, deixou de atender pelo nome de batismo e assumiu o pseudônimo que escolhera para si muitos anos atrás. Durante esses anos, Cora não deixou de escrever poemas relacionados com a sua história pessoal, com a cidade em que nascera e com ambiente em que fora criada. Ela chegou ainda a gravar um LP declamando algumas de suas poesias. Lançado pela gravadora Paulinas Comep, o disco ainda pode ser encontrado hoje em formato CD. Cora Coralina morreu em Goiânia. A sua casa na Cidade de Goiás foi transformada num museu em homenagem à sua história de vida e produção literária.
[
editar] Primeiros passos literários Os elementos
folclóricos que faziam parte do cotidiano de Ana serviram de inspiração para que aquela frágil mulher se tornasse a dona de uma voz inigualável e sua
poesia atingisse um nível de qualidade literária jamais alcançado até aí por nenhum outro poeta do
Centro-Oeste brasileiro. Senhora de poderosas palavras, Ana escrevia com simplicidade e seu desconhecimento acerca das regras da
gramática contribuiu para que sua produção artística priorizasse a mensagem ao invés da forma. Preocupada em entender o mundo no qual estava inserida, e ainda compreender o real papel que deveria representar, Ana parte em busca de respostas no seu cotidiano, vivendo cada minuto na complexa atmosfera da
Cidade de Goiás, que permitiu a ela a descoberta de como a simplicidade pode ser o melhor caminho para atingir a mais alta riqueza de espírito.
Foi ao ter sua
poesia conhecida por
Carlos Drummond de Andrade que Ana, já conhecida como Cora Coralina, passou a ser admirada por todo o
Brasil. Seu primeiro
livro, Poemas dos Becos de Goiás, foi publicado pela
Editora José Olympio em
1965, quando a poetisa já contabilizava
75 anos. Reúne os poemas que consagraram o estilo da autora e a transformaram em uma das maiores poetisas de
Língua Portuguesa do
século XX. Onze anos mais tarde, em
1976, compôs Meu Livro de Cordel. Finalmente, em
1983 lançou Vintém de Cobre - Meias Confissões de Aninha (Ed. Global). Cora Coralina foi eleita intelectual do ano e contemplada com o
Prêmio Juca Pato da
União Brasileira dos Escritores em 1983. Dois anos mais tarde, veio a falecer.
Postado por Silvia Regina
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